sábado, 18 de julho de 2009

«EXODUS 1947»


O seu nome de origem era «President Warfield». Foi construído em 1928, nos Estados Unidos, para o transporte de passageiros na baía de Chesapeake. Em 1942 foi emprestado à marinha de guerra britânica, que o devolveu à procedência em Julho de 1943. A tempo para ser transformado em navio tropeiro e participar activamente no desembarque aliado na Normandia. Encontrava-se já nos 'states', quando aí foi comprado por representantes do movimento sionista, que o trouxeram de novo para a Europa sob as ordens do inexperiente capitão Yehiel Yitzhac Aronavicz. Largou do porto de Sète (costa francesa do Mediterrâneo) a 11 de Julho de 1947. Arvorava bandeira das Honduras e transportava, oficialmente, uma leva de emigrantes para a América do sul. Na realidade, seguiam no velho e degradado navio mais de 4 500 pessoas. Que, chegadas a águas internacionais, tomaram o rumo da Palestina. Foi também, nesse momento, que quem mandava a bordo substituiuiu o nome ao navio, para «Exodus 1947». Uma placa com a referência 'Haganah ship' também foi aposta na superestrutura da embarcação, para informar que esta navegava sob a responsabilidade dessa organização paramilitar clandestina. Interceptado de maneira violenta, e antes de chegar ao seu destino, pelas autoridades britânicas (que exerciam um mandato sobre a Palestina e temiam fricções com a população árabe), os passageiros do «Exodus» (que foi confiscado) foram recambiados para a Europa a bordo de três navios disponibilizados pelos ingleses («Empire Rival», «Ocean Vigour» e «Runnymede Park»). Este incidente teve uma enorme repercussão nos jornais da época, que sensibilizaram os seus leitores para a sorte reservada a esses emigrantes judeus, quase todos eles sobreviventes do Holocausto. O velho navio, principal protagonista desta odisseia (que chegou a ser adaptada para o cinema), esteve, durante algum tempo, esquecido e abandonado no porto de Haifa. Depois da independência do estado de Israel (1948) alguém sugeriu que se conservasse o «Exodus» e se fizesse dele um símbolo do regresso dos judeus à Terra Prometida. Ben Gourion -primeiro presidente do país- recusou, no entanto, essa ideia; e o histórico navio acabou por consumir-se num incêndio, ocorrido em 1952, perante a indiferença geral.

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