domingo, 11 de outubro de 2009

«BOUNTY»


Navio inglês de finais do século XVIII, mundialmente conhecido por ter sido palco -no dia 28 de Abril de 1789- de uma rebelião contra o despótico capitão William Bligh. O «Bounty» não era própriamente uma unidade militar mas um HMAV (His Majesty’s Armed Vessel), quer dizer um navio auxiliar da marinha real britânica. Construído em 1787, era um veleiro praticamente novo quando, dois anos mais tarde, a sua equipagem (46 homens) recebeu ordens para demandar as ilhas Tahiti e ali proceder ao carregamento de plantas de ávores-de-pão destinadas a assegurar, num próximo futuro, a base alimentar dos escravos das plantações de açúcar caribenhas. Os problemas entre o capitão Bligh e a tripulação do «Bounty» (cujo nome significa ‘recompensa’) começaram logo no Atlântico, quando o comandante do navio quis substituir as rações alimentares do costume por abóboras (que rapidamente apodreceram) compradas aquando de uma escala nas Canárias. Os protestos (mais que justificados) foram sancionados com os castigos corporais da praxe, degradando-se as relações entre Bligh e os seus homens, dia após dia. Uma estadia prolongada no paradisíaco arquipélago de destino pareceu ter sanado o conflito e foi com a melhor das disposições que a tripulação empreendeu a viagem para as Antilhas. Mas o carácter irascível, brutal do capitão Bligh rapidamente se sobrepôs à boa vontade da marinhagem, que, com a cumplicidade de alguns oficiais, se amotinou e tomou o navio. Bligh e 17 homens, que não quiseram participar na rebelião, foram metidos à força numa chalupa e abandonados à sua sorte. Quase todos sobreviveram à aventura, graças às grandes capacidades náuticas de Bligh, que após 40 longos dias de atormentada navegação conseguiu chegar a Timor. E dali a Londres, onde apresentou queixa, no Almirantado, contra os insurrectos. Estes haviam-se refugiado nas ilhas (então pouco conhecidas de Pitcairn) e incendiado o navio. Alguns deles foram capturados anos mais tarde. Conduzidos a Inglaterra pela fragata HMS «Pandora», foram julgados em tribunal militar e quase todos eles condenados à morte e executados. Vários filmes reconstituiram os acontecimentos ocorridos a bordo do «Bounty». Os mais interessantes (ambos intitulados nas suas versões originais «Mutiny on the Bounty») são, porventura, os realizados por Frank Lloyd (em 1935) e por Lewis Milestone (em 1962). Ainda referentemente ao navio, refira-se que o «Bounty» deslocava 215 tonéis e media 27,70 metros de comprimento por 7,30 de boca. O seu aparelho vélico era sustentado por três mastros. O seu armamento era constituído por meia dúzia de pequenas peças de artilharia.

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