terça-feira, 8 de maio de 2012

«FOZ DO DOURO»

Barca de quatro mastros, com casco de aço, construída, em 1892, pelos estaleiros da firma C. Connel & Cº, em Glásgua (Escócia). O seu primeiro proprietário foi a sociedade armadora Hawaiian Construction Cº, sedeada em Honolulu, que utilizou o navio -cujo nome inicial foi «Hawaiian Isles»- no ainda rendoso comércio do açúcar com a América do sul. Teve vários outros proprietários de nacionalidade norte-americana (A. Nelson, Welsh Cº, Walter M. Mallet, Alaska Packer’s Association) e esteve no comércio marítimo com a Austrália e com a Europa. Ainda com bandeira dos E.U.A., chegou a navegar com o nome de «Star of Greenland» , até que, em 1942, o veleiro foi adquirido (por uma soma de 19 000 dólares) pela Escola Náutica Abraham Rydberg, de Estocolmo. Já com pavilhão sueco e com o designativo de «Abraham Rydberg III», este navio passou a combinar a sua missão de instruir oficiais e marinheiros com a do transporte de carga diversa (geralmente granéis sólidos), de modo a rentabilizar a sua manutenção. No dia 10 de Maio de 1936, a cerca de 45 milhas a sul de Eddystone, o veleiro sueco entrou em colisão com o vapor britânico «Koranton» e sofreu danos importantes, que o obrigaram a recolher ao porto de Blyth, para aí sofrer trabalhos de reparação no casco e mastros. No início dos anos 40 o veleiro regressou aos Estados Unidos, onde foi, de novo, colocado à venda. Em 1943 foi comprada pelo armador português Júlio Ribeiro de Campos, que o registou na capitania do Porto com o nome de «Foz do Douro». Passou, desde logo, a hastear a bandeira verde-rubra e a efectuar viagens entre Portugal e os portos do Brasil com carga geral. Ficou célebre a viagem realizada pela barca «Foz do Douro» entre 1943-1944, no trajecto Santos-Leixões, durante a qual o famoso cientista Gago Coutinho utilizou um astrolábio quinhentista, com o intuito de recrear a navegação de Pedro Álvares Cabral. Essa aventura dos tempos modernos (com conotações ao nosso passado histórico) foi descrita por Coutinho no seu livro «A Minha Viagem na Barca ‘Foz do Douro’ do Brasil a Portugal». Em 1944, o navio foi alvo de grande restauro nos estaleiros Kensington Shipyards, de Filadélfia, durante o qual recebeu 2 motores diesel e a sua mastreação foi radicalmente modificada. Em 1951 mudou (uma vez mais) de proprietário, passando a navegar por conta da Sociedade Industrial Ultramarina, com sede em Lisboa. Mas os projectos para o navio operar no Mediterrâneo goraram-se e a «Foz do Douro» recolheu à doca de Pedrouços, onde se manteve até 1957. Nesse ano, foi cedido a sucateiros de La Spezia, que procederam ao seu reboque para Itália e ao seu subsequente desmantelamento.

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