quinta-feira, 16 de agosto de 2012

«LIGHT BRIGADE»



Este ‘clipper’ foi realizado, em 1854, pelo estaleiro de James O. Curtis, de Medford (Massachusetts), para os armadores bostonianos Reed, Wade & Cº, que lhe deram o nome de «Ocean Telegraph» e o lançaram na linha Nova Iorque-S. Francisco da Califórnia. Esta belíssima galera de 3 mastros (desenhada pelo arquitecto naval Samuel H. Pook) deslocava 1 244 toneladas e media 69 metros de longitude por 12 metros de boca. Gozava (no seu tempo) da fama de ser «um dos navios mais perfeitos e graciosos» construídos na costa leste dos Estados Unidos. Neptuno, o deus dos mares, estava representado na sua elegante figura de proa. Velocíssimo, este navio transportou, essencialmente, emigrantes para o Oeste pela via difícil do cabo Horn. Foi um dos poucos navios capazes de fazer a viagem entre Nova Iorque e a Cidade da Porta Dourada em menos de 110 dias de navegação e tem no seu historial uma corrida vencida (em 1859/1860) ao poderoso «Great Republic». Em 1863, o navio foi vendido (pelo facto da linha onde operava já não gerar lucros) aos armadores britânicos (de Liverpool) James Baines & Company, proprietários da famosa Linha da Bola Preta; que destinou o navio –agora baptizado com o curioso nome de «Light Brigade»- às carreiras entre a Inglaterra e as suas distantes colónias da Austrália e da Nova Zelândia. Para onde este veleiro transportava emigrantes, correio e produtos europeus manufacturados e de onde trazia lã, peles, conservas de carne, animais vivos, sebo, mel e diversos outros produtos regionais. Este garboso ‘clipper’ também chegou a realizar viagens à Índia (a chamada ‘Pérola do Império’), para onde transportou contingentes de tropas britânicas e cavalos. O ano de 1875 anunciou o declínio deste bonito e útil veleiro. Com efeito, nesse ano, o navio foi vendido a uma sociedade comercial irlandesa (a companhia Cork Warehouse), que o desarvorou e o transformou em irreconhecível batelão. O outrora orgulhoso lebréu dos mares e oceanos terminou os seus dias em Gibraltar, onde, em 1883, ainda servia como armazém flutuante de carvão.

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