domingo, 5 de agosto de 2012

«PAÇOS DE BRANDÃO»



Lugre bacalhoeiro. Foi construído –no início dos anos 20 do século passado- na Terra Nova (Canadá) pelo estaleiro de J. Forsey, de Marystown, para um armador local (Samuel & George Harris, de St. John’s), que o utilizou como transporte de carga diversa. Chamou-se, segundo o seu registo canadiano, «General Rawlinson» e era assíduo dos portos portugueses. Apresentava 187,34 toneladas de arqueação bruta e as suas dimensões eram as seguintes : 38,66 metros de comprimento fora a fora; 8,20 metros de boca; 3,36 metros de pontal. Com três mastros, este navio não dispunha de motor auxiliar. Depois de ter sofrido um grave acidente no porto de Leixões e de ter sido reparado num estaleiro e Vila Nova de Gaia, este veleiro passou –em 1922- para as mãos do armador Silva Rios, Lda., que o converteu em pesqueiro, o registou na capitania da Cidade Invicta e o mandou aos Grandes Bancos nesse mesmo ano. Em 1934, o navio foi adquirido pela casa armadora Veloso, Pinheiro & Companhia Limitada, também ela do Porto. Em Portugal (e nas zonas de faina) este veleiro navegou com uma equipagem de 28 membros, dos quais 22 eram pescadores. Parece que o nome que se lhe atribuiu por cá, teve a ver com o facto da esposa de um dos seus armadores ser nativa de Paços de Brandão e de ter querido o dito homenagear, dessa forma, as origens da sua mulher. Este bacalhoeiro foi um dos vários navios que se afundaram em Massarelos, no rio Douro, aquando do ciclone que devastou o nosso país (e não só) no dia 16 de Fevereiro de 1941. Recuperado, o «Paços de Brandão» prosseguiu as suas viagens de trabalho aos mares da Terra Nova, até que, durante a campanha de 1951, se afundou (a 6 de Maio) em Virgin Rocks, na sequência de violenta tempestade. Todos os membros da sua tripulação, incluindo um gaiato de 14 anos embarcado clandestinamente, foram salvos pelas equipagens dos lugres «Ana Maria» e «Júlia 1º», navios que lograram escapar à fúria do ciclone que fez soçobrar o «Paços de Brandão».

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