sábado, 20 de outubro de 2012

«DESERTAS»



Vapor mercante de bandeira portuguesa (na fase final da sua carreira), pertencente aos Transportes Marítimos do Estado. Foi construído na Alemanha (no estaleiro Flensburger Schiffsbau AG, de Flensburg) em 1895. Usou, sucessivamente, os nomes de «Thekla» (na Kingsin Linie, de Bremen), de «Wittenberg» (na Norddeutscher Lloyd, de Bremen) e de «Hochfeld» (na Continental Reederei, de Hamburgo), antes de ser requisitado pelo governo português em 1917, no Funchal; porto onde este navio germânico se havia refugiado desde o início da Grande Guerra, para escapar às represálias da armada real britânica. Baptizado «Desertas» em homenagem aos ilhéus desabitados do arquipélago da Madeira, este navio -com 3 689 toneladas de arqueação bruta e com 108,10 metros de comprimento por 12,80 metros de boca- foi alugado ao governo britânico, passando a navegar sob as cores da companhia Furness Withy, de Hartlepool. Tendo encalhado -a 5 de Setembro de 1918- junto à Costa Nova (Aveiro), este vapor foi alvo de um ataque, com tiros de peça, por um submarino germânico não-identificado. Essa acção de guerra, que durou cerca de meia hora, foi presenciada por umas duas centenas de pessoas, na sua maioria banhistas, que desfrutavam dos últimos dias cálidos do Verão. E que, segundo notícias de um jornal nortenho («O Comércio do Porto»), entraram em pânico perante a intensidade do fogo disparado do submersível. O ataque frustrou-se, até porque de S. Jacinto (onde funcionava uma estação naval francesa) descolaram dois hidroaviões armados para dar caça ao intruso; que desapareceu nas profundezas do Atlântico, ao detectar a presença das duas aeronaves inimigas. O vapor «Desertas» só seria desencalhado em Março de 1920. Dali seguiu para Lisboa, onde foi submetido a grandes reparações. Em 1921, recebeu um nome novo, o de «Mendes Barata», em homenagem ao homem que concorreu para a sua recuperação. Em 1926, foi parar à frota da Companhia Colonial de Navegação, que o utilizou durante um período de tempo muito curto. Com efeito, o navio «Desertas» foi vendido no ano seguinte a um negociante holandês de sucatas, que procedeu -em Outubro de 1927- ao seu desmantelamento num estaleiro de Scheveningen.

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