sexta-feira, 24 de maio de 2013

«UNITED STATES»

O paquete «Unites States» foi, sem dúvida, um dos mais prestigiosos navios da frota mercante norte-americana. De sempre. Carinhosamente alcunhado «Big U», este magnífico navio foi construído em 1951 -nos estaleiros da Newport News Shipbuilding and Drydock Company- sob as directivas do arquitecto naval William F. Gibbs e com o apoio do governo dos Estados Unidos. Curiosamente, foi concebido para cumprir a sua função normal de transporte de passageiros (entre a América do norte e a Europa), mas também como navio capaz de assegurar o transporte de tropas. Isto, numa altura em que se viviam os instáveis tempos da guerra fria e se encarava a eventualidade de um conflito entre os E.U.A. e a União Soviética. Por essa razão, a realização deste navio foi envolvida num manto de mistério e as suas características técnicas mantidas secretas durante algum tempo. O paquete «United States», que foi colocado na linha Nova Iorque-Havre-Southampton, foi o maior a ser construído nos Estados Unidos e o transatlântico mais rápido jamais realizado. Deslocava 47 300 toneladas e media 301,80 metros de comprimento por 31 metros de boca e o seu calado era de 9,40 metros. O seu sistema propulsivo (4 turbinas a vapor Westinghouse) desenvolvia uma potência de 248 000 cv, força que lhe permitia atingir a velocidade máxima de 38,32 nós. Este paquete, que foi propriedade da companhia United States Lines, desde a sua entrada em serviço até 1978, tinha uma tripulação de 900 membros e capacidade para acolher 1 928 passageiros. O navio em apreço apoderou-se definitivamente da famosa 'Flâmula Azul', na sua primeira viagem de regresso à Europa. Mas, como tantos outros dos seus congéneres, o «United States» foi vítima da feroz concorrência das companhias de aviação, que, graças essencialmente à velocidade oferecida, acabaram por tornar obsoletos os navios das carreiras transatlânticas. Ainda chegou a ser encarada a possibilidade de transformar este paquete em unidade de cruzeiro, mas, a sociedade United States Cruises Inc., que o adquiriu em finais dos anos 70, nunca concretizou esse seu projecto. O antigo paquete foi, mais tarde, vendido a um armador turco, que desejava utilizá-lo na zona turística caribenha, mas também esse desígnio falhou perante a despesa astronómica necessária à modernização do navio. O mesmo aconteceu com o seu quarto armador -a Norwegian Cruise Line- que o comprou o «United States» em 2003, mas que também ele recuou no momento de investir as somas indispensáveis à sua recuperação. A situação actual do navio é complexa, existindo um conflito entre o proprietário, uma associação que deseja consagrar-se à sua recuperação (física e histórica) e alguns industriais de ferro velho, que pretendem fazer negócio com o seu desmantelamento. Entretanto, o «United States» continua a aguardar o seu destino, amarrado num cais de Filadélfia.

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