sábado, 22 de outubro de 2016

«SÃO JOSÉ PAQUETE DE ÁFRICA»

Desconhece-se se foi este o seu nome oficial, mas foi o estranho designativo que este navio negreiro português do século XVIII deixou na História. Das suas características físicas também nada se sabe, a não ser que era um veleiro de porte médio. A sua fama adveio-lhe de factos ligados ao seu naufrágio -que ocorreu (depois de dobrado o cabo da Boa Esperança) em frente de Capetown, no dia 27 de Dezembro de 1794. O «São José Paquete de África», que zarpara de Lisboa a 27 de Abril desse mesmo ano, sob o mando do capitão Manuel João Pereira, dirigiu-se a Moçambique para proceder ao embarque de 400/500 escravos, destinados a serem vendidos no Maranhão, Brasil. 212 deles morreram afogados aquando do já referido soçobro do navio. Uma catástrofe que só não teve as repercussões esperadas, porque os cativos ainda não beneficiavam -nesse tempo- do estatuto de seres humanos; mas eram vergonhosamente considerados, isso sim, mera mercadoria. Os restos deste naufrágio foram descobertos por caçadores de tesouros, que os confundiram com os destroços de um navio holandês afundado naquelas paragens. Só em 2008-2009, uma equipa de mergulhadores da S.W.P. (Slave Wrecks Project) fez a sua identificação correcta, já que devidamente comprovada por documentação fidedigna, encontrada nos arquivos de Lisboa. Nota final : a imagem que ilustra este texto não é a do veleiro em apreço, mas a de um brigue daquela época, utilizado no infame contrabando de seres humanos.

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